segunda-feira, 20 de abril de 2015

Coisas de Circo



Resenha dupla: O Circo Mecânico Tresaulti, de Genevieve Valentine
e O Circo do Dr. Lao, de Charles G. Finney.

Olá, leitores!
Hoje quero apresentar-lhes e até dar-lhes um pouco de nostalgia – com um toque de magia, claro! – dois livros… Aliás, dois circos! Sim, isso mesmo que você leu: circos.
Recentemente, mais ou menos há dois meses, tive a oportunidade de ler O Circo Mecânico Tresaulti, de Genevieve Valentine (1981), e O Circo do Dr. Lao, de Charles G. Finney(1905 – 1985), ambos falam, obviamente, de circos distintos. Autores de épocas diferentes, que contam histórias diferentes, em tempos diferentes.
Genevieve tem uma forma excepcional de nos apresentar a história de cada personagem e expressar suas falas e pensamentos no decorrer de O Circo Mecânico Tresaulti, deixando o leitor completamente preso nas aventuras de cada componente do circo que deixa qualquer um de cabelos em pé.
Finney já relata a forma como vários personagens veem o circo que chegou à cidade e Abalone, Arizona, pegando o leitor pelas rédeas com sua maneira filosófica de tratar os fatos.

Há diferenças entre os dois autores, claro. A começar pela época em que vivem: O Circo Mecânico Tresaulti é o livro de estreia de Genevieve Valentine, que ainda vive entre nós, seres humanos; Finney morreu em 1875, mas escreveu O Circo do Dr. Lao de uma maneira tão convincente e compatível com certas realidades atuais que você nem percebe que o cara já voltou ao pó.
Tresaulti é um circo que, pelo que aparenta, existia entre as primeira e segunda grandes guerras mundiais, formado por sobreviventes e vítimas das desordens guerrilheiras que, com a ajuda de Boss, a dona do circo, adquiram partes mecânicas. Às vezes narrada por Little George, às vocês pela voz de um desconhecido, a história é dividida em capítulos que vão ao passado e ao futuro de cada componente daquele circo. Uma trupe perseguida por um homem do governo, que queria desvendar seus mistérios, usar a habilidade mecânica de Boss para atribuir forças extras a seus exércitos.
O circo do Dr. Lao, quando chega à Abalone, deixa impressões marcantes na mente dos habitantes daquela pequena e depressiva cidade. Primeiro por que é dotado de criaturas mitológicas, divindades e personagens inusitados, o que deturba um pouco a mente das pessoas. Segundo: as pessoas começam a interagir com as criaturas do circo. Há até uma parte em que um dos personagens conversa com uma serpente marinha.
Os dois livros, além da temática retratada, têm um ponto em comum que se torna tão interessante quanto qualquer fato semelhante nas histórias: filosofia. Sim, filosofia.
As duas formas de escrever, vindas de épocas diferentes, como já mencionei, fazem com que o leitor associe fatos fictícios citados com verídicos da realidade, o que torna uma leitura interessante e cheia de surpresas.
De fato, ler sobre circos nunca foi tão incansável! Valentine e Finney, por fazerem menção à temática de pessoas que levam uma vida completamente nômade, tornando as histórias realistas e de fácil assimilação, adorariam ter se conhecido. Acho que tal amizade teria proporções devastadoras – num bom sentido.

 
por Alexandre de Almeida (perfil)

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